Especialistas afirmam: Nota de R$ 200 deve facilitar crimes de corrupção
Para especialistas e ativistas da causa anticorrupção, a criação da nota de R$ 200, anunciada pelo Banco Central nesta semana, deve facilitar a prática de crimes, como a lavagem de dinheiro.
Roberto Livianu, procurador de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, afirma "ter certeza" de que a nova cédula facilita o transporte e a ocultação de dinheiro vindo do crime de uma forma geral.
"Quando você fala em nota de R$ 200, a mão de obra para o transporte em dinheiro fica muito mais fácil", afirma.
Durante o anúncio da nova nota, Carolina de Assis Barros, diretora de Administração do BC, negou que a cédula poderia facilitar a corrupção.
"Nós temos um arcabouço de combate e prevenção à lavagem de dinheiro extremamente avançado e ele não é dependente apenas do valor de denominação das cédulas", afirmou.
Facilitaria a vida de Geddel, diz procurador
Para ilustrar sua preocupação, Livianu relembra o caso de Geddel Vieira Lima (MDB), ministro nos governos Temer e Lula, condenado em 2019 pela Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) a 14 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Durante investigação, em 2017, a Polícia Federal encontrou cerca de R$ 51 milhões em dinheiro em um apartamento em Salvador.
"Geddel com certeza ficaria muito feliz se essa medida tivesse sido tomada algum tempo atrás, porque facilitaria a vida dele. Você imagina a mão de obra que deu para ele juntar R$ 51 milhões. Com a nota de R$ 200, ficaria muito mais fácil", diz o procurador.
Países foram na direção contrária Livianu diz acreditar que a criação da nova cédula vai na direção contrária do que outros países têm feito, como também apontou o colunista do UOL José Paulo Kupfer.
Marcelo Issa, cientista político, advogado e diretor executivo da organização Transparência Partidária concorda. Ele cita uma medida do Conselho do Banco Central Europeu que, em 2016, decidiu que os países do bloco deveriam deixar de produzir cédulas de 500 euros.
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