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No Rio, líderes do G20 têm desafio de manter unidade sobre clima e comércio global



Os líderes do G20, reunidos no Brasil na próxima semana, devem demonstrar unidade em relação à ação climática e às regras do comércio global, duas áreas ameaçadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto prosseguem as conversações sobre como caracterizar a guerra da Rússia na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio. Os líderes das maiores economias do mundo reafirmarão “um forte compromisso com o multilateralismo, especialmente à luz do progresso feito no âmbito do Acordo de Paris” e decidirão “permanecer unidos na busca dos objetivos do acordo”, de acordo com um rascunho inicial da declaração visto pela Bloomberg News. O documento também pedia que a Organização Mundial do Comércio permanecesse como o “núcleo” do comércio global. “Reconhecendo que o conjunto de nossos esforços será mais poderoso do que a soma de suas partes, cooperaremos e uniremos esforços para uma mobilização global contra a mudança climática”, diz o rascunho da declaração do G20, que precisa da assinatura de todos os países para se tornar oficial. Ela ainda pode mudar - ou ser totalmente descartada - em uma cúpula no Rio, que começa na segunda-feira. Leia também: Aposta de US$ 1,3 bi, porto chinês na América do Sul enfrenta gargalos estruturais Uma seção sobre geopolítica - a questão mais controversa desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 - estava entre as últimas seções a serem discutidas e ainda precisa ser acordada, de acordo com pessoas familiarizadas com as negociações, que pediram para não serem identificadas para discutir deliberações privadas. Vladimir Putin, da Rússia, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, fizeram uma ligação telefônica na sexta-feira, à medida que aumenta a pressão para iniciar negociações para acabar com a guerra. A vitória de Trump nas eleições dos EUA na semana passada já está remodelando a geopolítica global, à medida que os líderes se preparam para tarifas mais altas, ceticismo em relação aos esforços para combater as mudanças climáticas e uma alteração nas prioridades da política externa americana. O presidente dos EUA, Joe Biden, vai representar os EUA pela última vez antes de passar o poder para Trump em janeiro. O G20 continua sendo o principal fórum global no qual os EUA e seus aliados discutem diferenças sobre as questões mais urgentes do mundo com a China, a Rússia e outras grandes economias emergentes. O Brasil, país anfitrião, tentou evitar que a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o conflito no Oriente Médio ofuscassem a cúpula, dada a presença de Moscou no encontro e as profundas diferenças entre os participantes sobre como resolvê-los. No início da cúpula, vários aliados da Ucrânia temiam que o Brasil e a China - cujos governos cooperaram em uma proposta de paz - pudessem emitir uma declaração conjunta caso não se chegasse a um acordo, de acordo com as pessoas. Algumas autoridades europeias pressionaram para encontrar um compromisso que seja consistente com a pressão da Ucrânia por uma paz justa, buscando uma linguagem na carta da ONU citada em ambos os planos para acabar com a guerra, disseram as pessoas. Além desses conflitos, os líderes reunidos no Peru para a cúpula da APEC nesta semana pediram repetidamente para fortalecer a ordem baseada em regras. A minuta do comunicado para a cúpula do G20 marca um esforço inicial para garantir que isso aconteça, especialmente no que diz respeito ao comércio e às mudanças climáticas: Trump abandonou os acordos de Paris na última vez em que esteve na Casa Branca, prometeu aumentar a produção de combustíveis fósseis e chamou a mudança climática de uma grande farsa. As nações do G20 reiterarão sua promessa de atingir metas líquidas zero até meados do século ou por volta dessa data e “concluir até o final de 2024 as negociações de um instrumento internacional ambicioso, justo e transparente, juridicamente vinculativo, sobre a poluição plástica”, diz a minuta do comunicado. O G20 já enfrentava resistência da Rússia, da China e da Arábia Saudita em relação à inclusão na minuta da declaração de uma meta global de “armazenamento de energia no setor elétrico de 1.500 GW até 2030″, que contribuiria para a meta de triplicar a capacidade de energia renovável. O Brasil tem trabalhado para manter a maior parte do foco em suas prioridades, que também incluem a inclusão social e o lançamento de uma \"Aliança Global contra a Fome e a Pobreza\" para mobilizar \"financiamento e compartilhamento de conhecimento para apoiar a implementação de programas liderados por países, de propriedade de países, em larga escala e baseados em evidências, com o objetivo de reduzir a fome e a pobreza em todo o mundo\". Reformar e fortalecer as Nações Unidas é outra prioridade fundamental para a presidência brasileira como parte de um “Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global” adotado em setembro. \"Os desafios que a comunidade global enfrenta hoje só podem ser enfrentados por meio de soluções multilaterais para um amanhã melhor e o fortalecimento da governança global para as gerações presentes e futuras\", diz a minuta da declaração. Os líderes devem se comprometer a “trabalhar por um sistema multilateral revigorado e fortalecido, enraizado nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, com instituições renovadas e uma governança reformada que seja mais representativa, eficaz, transparente e responsável, refletindo as realidades sociais, econômicas e políticas do século 21″, acrescenta. Da mesma forma, as nações do G20 “enfatizarão a necessidade de garantir um sistema de comércio multilateral baseado em regras, não discriminatório, justo, aberto, inclusivo, equitativo, sustentável e transparente, com a OMC em seu núcleo”, diz a minuta do comunicado. Eles também “reconhecerão” que certos minerais, materiais e tecnologias são essenciais para as transições de energia e que os mercados globais devem ser construídos com base em cadeias de suprimentos confiáveis e diversificadas. \"Evitaremos políticas econômicas verdes discriminatórias, consistentes com as regras da OMC e com os acordos ambientais multilaterais\", os líderes devem dizer na declaração. Sem dúvida, o sistema de comércio global já foi abalado nos últimos anos, após o programa de subsídios verdes de Biden que a União Europeia considera discriminatório e as crescentes tensões com a China sobre o que os EUA e seus aliados consideram capacidade de produção excessiva. Muitas nações também procuraram restringir a exportação de produtos que poderiam ser usados para fins militares e buscaram proteger seu fornecimento de insumos cruciais. Algumas dessas tensões surgiram durante as negociações sobre a declaração do G20, com a China buscando manter fortes referências a práticas de distorção de mercado fora da minuta, enquanto os EUA adotaram uma posição semelhante sobre a necessidade de desencorajar o protecionismo, disseram as pessoas familiarizadas com as negociações. Os líderes também se comprometerão a continuar desenvolvendo princípios para uma inteligência artificial segura e protegida, possibilitando a segurança alimentar por meio de políticas comerciais abertas e trabalhando por um sistema tributário mais justo, inclusive para garantir que \"indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto\" contribuam com sua parte justa, de acordo com a minuta da declaração. -- Com a colaboração de Jorge Valero e Donato Paolo Mancini. Veja mais em Bloomberg.com Leia também Como Trump pode colocar em prática novas tarifas contra a China e o resto do mundo"

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