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A liberdade por trás do Bitcoin


Não poderia haver um freio melhor contra o abuso da moeda pelo governo do que se as pessoas fossem livres para recusar qualquer moeda que desconfiassem e preferir uma moeda na qual confiam… Parece-me que se conseguíssemos impedir governos de se intrometer com a moeda, faríamos um bem maior do que qualquer governo já fez a esse respeito.” – F. A. Hayek
Ultimamente o bitcoin tomou a atenção da mídia e dos investidores. Essa popularização se deve principalmente ao seu alto rendimento em 2017, saindo do valor de R$3.661,00 no primeiro dia de janeiro e alcançando a marca de R$48.800,00 no último dia do ano, uma valorização de mais de 1.300%. Muitos analistas financeiros voltaram sua atenção para a moeda digital, alguns a vendo com olhos positivos e outros nem tanto, classificando-a não como moeda, mas sim como uma commodity e também como uma bolha financeira. Mas saindo de uma análise financeira, indo além da discussão de que se está em um momento de bolha ou não, se é uma moeda, um investimento, uma commodity[i] ou um colecionável, e da volatilidade do preço; a tecnologia por de trás do bitcoin é algo que pode contribuir de forma revolucionária para liberdade e autonomia dos indivíduos em todos os cantos do globo.
Como nem todos sabem o que é e como funciona o bitcoin, eis aqui uma explicação em linhas gerais: o bitcoin é uma moeda[ii] assim como o real e o dólar, com a diferença de não existir materialmente, apenas digitalmente (criptomoeda), ou seja, não existem moedas cunhadas em metal ou cédulas de bitcoin. Todas as transações feitas com o bitcoin são registradas em uma espécie de livro contábil (livro-razão) digital, chamado de “blockchain”. Esse processo ocorre através de um software (programa) que é executado por qualquer hardware[iii] com capacidade para tal. O hardware executa o software no qual é processado um algoritmo (fórmula matemática) complexo, que exige tempo, energia elétrica e, obviamente, o uso do hardware. Esse algoritmo tem um nível de complexidade/dificuldade proporcional ao nível de hardwares tentando resolvê-lo e a quantidade já resolvida anteriormente desses algoritmos, adequando-se para manter uma média de 10 minutos para sua resolução. Quando o algoritmo é resolvido ocorre à formação do que é chamado de “bloco”, o qual contém informações/registro de todas as transações feitas em bitcoin (até um limite de memória de 1 megabyte por bloco) desde a formação do bloco anterior. Esse bloco é validado pelos demais hardwares que executam o software do bitcoin, e após esse processo ele vai para uma cadeia de blocos formados anteriormente a ele que contém todas as transações feitas em bitcoin até então (e que qualquer pessoa do mundo pode ter acesso), o chamado “blockchain”. O dono do hardware que formou esse bloco recebe uma quantia pelo trabalho executado e também pelas transações registradas (taxa de serviço) em seu bloco, ambas em bitcoins. E assim, a cada 10 minutos em média, um bloco é formado, registrando as transações ocorridas, validado e adicionado a uma rede de blocos formados anteriormente (“blockchain”). O usuário “sortudo” do bloco formado recebe sua remuneração e o processo se repete.
Apesar de ser não ser uma explicação completa, durante o parágrafo anterior você leu alguma coisa sobre governos e bancos? É aí que está o caráter revolucionário do bitcoin: ser uma moeda totalmente descentralizada, que não depende nem de bancos ou de governos para existir, estando livre de suas interferências diretas[iv]. É uma tecnologia que depende unicamente de seus usuários, na qual cada um é fiscal de todos os demais, contribuindo para a garantia e segurança do sistema.
Os governos, assim como os bancos, não podem inflacionar o bitcoin através da emissão de nova moeda, não podem manipular sua taxa de juros, não podem impedir sua circulaçãotaxá-lo e nem confiscá-lo – vide Collor com as poupanças dos brasileiros em 1990. Com a criptomoeda você pode ser seu próprio banco e de forma segura. Ademais, o bitcoin é um sistema de pagamento global, sem fronteiras, podendo ser enviada qualquer quantia a qualquer parte do mundo, de forma rápida, simples e barata. E não para por aí, as transações são de alta privacidade, já que não dependem de nenhum intermediário e não há necessidade de revelação da identidade entre as partes, garantindo liberdade e autonomia aos seus usuários.
Na Venezuela – que vive um desastre econômico e humanitário – a moeda é extremamente desvalorizada, com a inflação na casa dos 2000% no fim de 2017. Os venezuelanos estão usando com mais frequência o bitcoin, que é de mais fácil acesso que o dólar e outras moedas estrangeiras, para driblar o controle cambial feito no país comprando bens que não se encontram por lá, para enviar e receber remessas de familiares, e de forma mais tímida no comércio local. Diferentemente do Brasil em que vemos o bitcoin mais como uma forma de “fazer dinheiro”, os venezuelanos estão usando-o como forma para escapar do desastre que é o governo e para conseguirem sobreviver.
Entender o bitcoin, seu funcionamento, a tecnologia por de trás e consequências não é algo fácil, o que gera muitas opiniões divergentes. Pode ser que ele revolucione o modo como fazemos transações, acabando com o que conhecemos atualmente como dinheiro, pode ser que ele venha a existir como uma forma alternativa de transação e proteção do patrimônio, pode acontecer de outra criptomoeda venha a ocupar seu lugar, pode ser que ele seja uma ponte para uma tecnologia ainda mais evoluída de troca de dinheiro ou ainda que nada disso ocorra e que ele venha a ficar apenas como registro nos livros de história. Mas o bitcoin e as criptomoedas em geral já são um passo para maior liberdade e autonomia dos indivíduos frente aos governos.
Caso tenha curiosidade sobre o assunto e queira entender um pouco mais, conheça o canal no youtube do maior especialista em criptomoedas do Brasil, Fernando Ulrich.

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